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terça-feira, 24 de junho de 2008

Vírus [Parte I – Vincenzo]

Vincenzo era um escritor. Durante boa parte de sua vida teve como seu único amigo seu irmão bastardo Fausto. A mãe desesperada, se matara quando ainda era criança. O pai lutou na Primeira Guerra Mundial e caiu em combate, não importa onde nem como... era apenas um soldado entre os milhares.

Foi educado pelo avô, um veterano de guerra, que havia lutado junto aos duques italianos pela independência e formação dos reinos que unificaram a Itália em 1870. Ele o criara para ser forte, um romano orgulhoso, digno das legiões da antiguidade.

Cresceu em Roma em um período perturbado pela crise no pós-Primeira Guerra. A Itália derrotada e com imposições dos países da Tríplice Entente passava por um momento em que tudo faltava, a comida era pouca, e a tão famosa cidade do “pão e circo” do Império Romano já não parecia grandiosa.

Em uma casa simples passava os dias a anotar o que seu avô dizia, contudo desde cedo aprendeu o que era o trabalho duro, visto que seu avô, já velho, não podia realizar algumas tarefas que exigissem muito do então cansado esqueleto.

Plantava trigo nos fundos de casa para ter o pão que alimentava, fazia trabalhos para alguns artesãos locais para incrementar o almoço. Nunca soube ao certo o que o motivava a viver aquilo, procurava buscar uma solução para uma vida menos sofrida. Não entendia como o mundo era governado, tampouco tinha ido à escola sabia escrever porque aprendera com um professor que era amigo de seu pai e serviu junto com ele na Guerra de 1914.

Porém, ao contrário de seu pai e do avô, Vincenzo escolheu outro caminho, não interessado tanto na luta armada, mas pelas histórias que ela gerava. Ficava horas ouvindo seu avô e relatava aquelas lutas em pequenas folhas de papel ou até mesmo no chão em que sentava. Via todo combate em um movimento de ordem e desordem, entendia o motivo da luta, mas não a razão.

Morrer por um ideal, entregar a sua vida pela de outros que estão por vir, seria um ato heróico de suplantar a morte física? A morte o intrigava tanto quanto o desejo de conhecer o ser humano em sua exposição simples, despido de qualquer formato ou convenção social que poderia condicionar comportamentos, buscava compreender o que movia o ser humano.

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